terça-feira, 22 de março de 2011

Sexualidade

Há umas decadas atrás era virtuoso manter a virgindade até ao casamento. Hoje em dia é uma vergonha chegar aos 18 anos ainda virgem.

Há uns anos atrás eu julgava que era perfeitamente idiota a filosofia que nos instiga a guardar essa nossa 'pureza' até à chegada do homem perfeito que nos levasse ao altar. Hoje em dia tenho uma ideia um pouco diferente.

Não concordo que tenhamos de esperar pelo casamento. Muitos de nós nem sequer almeja subir a um altar, envergando um vestido branco e flores de laranjeira nos braços. Eu não estou ansiosa por casar, e de virgem não tenho nada. Também não sou ninguém para concordar ou discordar, apenas dou a minha opinião.

Mas tenho em mim uma máxima: sexo sem amor não tem graça.

Estamos a habituar-nos desde cedo a vulgarizar o uso do nosso corpo. A dar a várias pessoas um pedaço de nós, tirando-lhe toda a sua virtude. É importante e é bom que guardemos certos momentos e certas intimidades para alguém especial. Quando digo especial, não me refiro àquele que nos vai levar ao altar, ou podemos esperar anos pelo pedido de casamento que nunca chega e ficarmos frutradas com isso, mas refiro-me sim a alguém que nos ame e nos queira bem. Alguém que no dia seguinte não nos vire a cara e finja que não nos conhece. Alguém que nos diga o quão bom é partilhar conosco momentos de ternura e paixão, culmine ou não em casamento.

Difícil é destinguir quem é que realmente nos ama e nos quer bem daqueles que só querem tirar vantagem sobre nós. E talvez por isso é importante esperar uns anos e crescer um pouco, até nos aventurarmos em camas alheias. Porque melhor que uma noite de sexo é saber que ninguém nos vai arrasar o coração. E duvido que aos 13 ou 15 anos tenhamos a perfeita noção daquilo que somos e daquilo que queremos e somos muito mais susceptíveis de viver um verdadeiro colapso emocional, principalmente se nos envolvermos com rapazes bem mais velhos. Ainda somos muito meninas, com muitos sonhos cor-de-rosa, por muito que digam que não.

Nada disto está relacionado com religião ou com moralismos. Ninguém tem direito de dizer a ninguém o que fazer, mas é o dever de todos alertar, principalmente os mais jovens.

Regra geral, e principalmente para as mulheres, quando nos envolvemos sexualmente com alguém, acabamos envolvendo-nos também a nível emocional. E quando no dia seguinte esperamos que o tal rapaz volte dizendo coisas bonitas e fazendo promessas de amor eterno e ele não volta e nem sequer se lembra do nosso nome, a coisa amarga.

O amor eterno é algo que mais tarde perceberão que tem muito de decisão e não só de sentimento, porque mais tarde ou mais cedo a paixão esfria, e o amor é algo que se constroi, dia após dia. Ou seja, tem de se decidir, sentimental e mentalmente, se se quer ou não construir esse amor ao lado de determinada pessoa. Mas esperar que nos digam coisas bonitas e nos façam sentir respeitadas é o mínimo aceitável. E por isso é essencial que saibamos com quem estamos. Com 13 ou 15 anos não se sabe com quem se está. Com 13 ou 15 anos nem nós sabemos quem somos.

E quando as consequèncias de uma noite de sexo são o surgimento de uma gravidez indesejada, com 13 ou 15 anos, estaremos diante de uma criança a ter outra criança.

Não vejo porquê a pressa de perder a virgindade a qualquer custo. Se é para que os nossos amigos nos respeitem mais, então eles não são verdadeiros amigos. Se é para nos sentirmos mais mulheres, vos digo que terão anos de sobra para serem mulheres e um dia até terão saudades da infância, que é bem mais curta que a vida adulta. Se é para conquistarem tal rapaz, saibam que um coração não é conquistado assim. Um coração desejoso de amar, não se vai importar se tiver de esperar um pouco mais.

Vivam consoante as vossas vontades, mas façam de tudo para acordarem todos os dias com aquela boa sensação de que ninguém nos vai arrasar o coração.

Ana Luelmo